O Bonequinho está aqui para divulgar o lançamento do primeiro livro do jovem autor Lucas Gibson, Cinema Mudo. O lançamento acontece nesta sexta, dia 17 de junho na Editora Multifoco (Av. Mem de Sá, 126 - Lapa), das 19 às 22h. Não é obrigatório adquirir o livro ( R$ 30,00) e a entrada é franca, você paga apenas o que consumir.
Bonequinho - Como surgiu a ideia do livro?
Lucas Gibson - A ideia de fazer um livro surgiu em mim na época em que resolvi começar a inventar minhas próprias histórias. Com cerca de 8 anos, refugiava-me no pátio na hora do recreio, ou nas aulas mais chatas e ficava a escrever histórias de dragões, seres mágicos e heróis destemidos. Juntei-me com um grupo de amigos e começamos a escrever juntos, e sempre que perguntavam o que estávamos fazendo, dizíamos que estávamos escrevendo um livro. Era algo mais movido pela descoberta e pela paixão de escrever, que germinava aos poucos. Não se tratava de projeto levado a sério, ainda era algo bobo. Então, aos poucos comecei a amadurecer no jeito de escrever; notava que de caderno a caderno, meus escritos iam ficando mais elaborados e maduros. Foi quando comecei, sem querer e bem naturalmente, a notar que era aquilo que amava fazer e que era aquilo que queria fazer, se possível, por toda minha vida.
Bonequinho - Então a ideia apenas foi levada a sério com a percepção da qualidade dos seus escritos?
L.G - Não exatamente. Eu amava fazer aquilo e simplesmente fazia. Nunca tive problema de mostrar para os outros, sempre fui muito curioso com a opinião dos outros sobre o que eu escrevia, fosse ela crítica, construtiva, ou preenchida de elogio. Quando comecei a ler grandes autores e ver que começaram exatamente assim, devagarzinho, germinando essa semente de amor pela literatura desde muito novos, comecei a me empolgar e a querer colocar meus versinhos e historias para o mundo. Sempre tive consciência que em nosso país as pessoas leem pouco, menos ainda minha modalidade favorita, que é a poesia. Sinto que esse "trabalho" é uma maneira de fazer a minha parte. Me emociono com versos e mensagens que a poesia traz, me sentindo vivo e gosto de pensar que posso proporcionar essa sensação aos outros.
Bonequinho - E do que trata o seu livro?
L.G. - Cinema mudo é um livro para se ler com calma. Abri-lo sem compromisso em qualquer página e degustar algum poema. É um livro que encontra sua matriz no amor, nas coisas simples; é para que você leia e se sinta parte da vida, mesmo quando ela parecer tão complexa, mesmo quando parecer que não pertence a este mundo. Um livro para acalmar, para arrepiar, para dar conforto; mas acima de tudo para que o leitor se identifique e ache uma maneira de ver seus próprios sentimentos, seja para colocá-los em ordem ou aquecê-los, na maravilha que é sentir.
Bonequinho - Por que o título Cinema Mudo?
L.G. - Porque era o único poema com título mais misterioso, menos clichê.
Bonequinho - O seu livro é de poesias. Muitos dizem não entender ou não gostar desse gênero de literatura; você acredita que é mais fácil incentivar as pessoas a lerem apresentando-lhes poesia?
L.G. - Não é fácil; a poesia já carrega esse pré-conceito de ser algo reflexivo demais, enfadonho, impróprio pra ser lido depois de um dia cheio. De fato, é muito mais relaxante uma noticia sobre tal famoso, ou um jornal pra esticar as pernas, mas a poesia só precisou que eu desse uma chance a ela. Como dizia o Ferreira Gullar, a poesia só tem valor pros que a amam. É necessário abrir o coração, aquecê-lo, permutar as sensações dentro de si, e nem todos conseguem fazer isso, muitas vezes por medo. Os que se arriscam sabem a gratificação que é sentir-se mais leve, maior, mais maduro e insignificante perante o mistério da vida, mas ainda sim importante. A poesia acaba ensinando a viver intensamente, e isso na teoria é o que todos querem, mas acabam com muito medo na prática já que viver intensamente significa entregar-se demais, dar-se demais, e quando há a decepção, o sofrimento costuma ser maior. Por isso que, já dizia Vinicius[de Moraes], o poeta é grande porque sofre e completaria [Fernando]Pessoa, o poeta é um fingidor, da dor que deveras sente. E assim, é inconstante, se contradiz, mas é dotado de uma enorme vocação para a alegria.
Bonequinho - Você também escreve prosa. Tem algum projeto relacionado a esse gênero?
L.G. - Claro! Estou terminando de editar a história de um ex-palhaço de circo que se apaixona por uma moça de rua; uma história de amor, como é comum vindo de mim. Eu só sei escrever histórias de amor.
Bonequinho -Você tem algum tema preferido?
L.G. - O amor, pode ser? Todos os meus poemas acabam sendo de amor, de um jeito ou de outro.
Bonequinho - Costuma ler algum autor jovem?
L.G. - Gosto de ler textos de amigos que escrevem também e me surpreendo e animo por saber que há jovens com sensibilidade para a escrita.
Bonequinho - Foi difícil publicar o livro?
L.G. - Levei um tempinho para conseguir, mas acabei descobrindo a Multifoco através de um amigo autor e a espera valeu a pena.
Bonequinho - Que dica você daria para os jovens escritores que, assim como você [Lucas tem apenas 18 anos], gostariam de ter seus trabalhos publicados?
L.G. Acho prepotente dar qualquer dica, logo eu que estou no começo do caminho e nem sei onde vai dar, numa estrada tão incerta. Mas digo que façam o que os apaixona.
Bonequinho - Para terminar, cite uma frase que admira.
L. G. - O sentido da vida é o outro, já dizia [Ferreira]Gullar.